terça-feira, 31 de março de 2009

Triathlon - Artigo de Aguinaldo Pettinati

Está enjoado de sempre treinar a mesma coisa, dos compromissos diários, da rotina e das mesmices cotidianas?

Então, chegou a sua hora de mudar. Jogar tudo para o alto e tornar-se um verdadeiro triatleta. Prepare seus equipamentos e saiba tudo para adentrar a esse esporte que une natação, ciclismo e corrida. O corpo agradece.

Variado e estimulante, o triatlon desenvolve membros inferiores e superiores, sem deixar de lado as capacidades distintas, aeróbia e anaeróbia. Serve também como base para migrar para outras modalidades, como corrida de aventura, ciclismo e corrida, e vice-versa. Envolve disciplina, consciência de alimentação e vida regrada, que será transferida para outras áreas da vida, como dormir melhor, alimentar-se melhor, viver em um ambiente mais sadio e valorizar seu bem-estar físico e a qualidade de vida.

“Fazer triatlon é fugir de qualquer monotonia, é diferente, é fantástico, você se sente hora um peixe, hora um pássaro, hora um tigre e, o mais importante, hora você se sente amado e amante dessa combinação maravilhosa chamada triatlon”, expressa Antonio Carlos Moreira do Amaral, da Cali Swimming, declarando todo o seu amor pela modalidade. Cali é o atual treinador de Reinaldo Colucci, uma das promessas do triatlo nacional e ex-técnico de Carla Moreno, que esteve na Olimpíada de Atenas.

“A natação é o esporte mais difícil, pela habilidade técnica e adaptação ao meio líquido. No ciclismo há, também, uma adaptação, mas a bicicleta, como equipamento, favorece a aplicação da força para atingir um nível competitivo”, avalia o técnico de triatlo Marcos Paulo Reis, da MPR Assessoria Esportiva, e também da equipe olímpica brasileira.

“Sem dúvida nenhuma a parte mais difícil para se tornar um triatleta é a natação, pela dificuldade em se aprender e pelo nível de coordenação motora necessária. Percebe-se que a maioria dos triatletas profissionais veio da natação”, conta Aulus Selmer, treinador e proprietário da 4 any 1 Assessoria Esportiva.


Porém, segundo Aulus, não é nada absurdo aprender a nadar depois de uma certa idade. “Em seis a oito meses é possível começar e aprender a nadar adquirindo a coordenação necessária, não há escapatória.”

“É difícil conciliar trabalho, lazer e vida em família. não é brincadeira fazer treinos longos no fim de semana”, Aulus Sellmer

O treinador Cali também expõe a dificuldade de quem não sabe nadar e pretende começar no triatlon. “Quem já sabe nadar se sentirá mais seguro com a parte aquática e encontrará mais facilidades com as demais, mas não é regra, pois, mesmo aquele que não sabe, terá um tempo de aprendizagem e, com certeza, irá desenvolver muito bem as outras modalidades. Desenvolvo um programa no nosso centro de treinamento em São Carlos, onde, quem nunca nadou, andou de bicicleta, ou foi praticante de corrida, será um excelente triatleta, com a utilização para treinamento de instalações concentradas em um raio de 1.000 metros quadrados”, diz. “É possível aprender a nadar depois de uma certa idade. Primeiro: com dedicação todos aprendem a nadar, certamente para as competições em águas abertas as dificuldades aumentam. Mas é possível.”

Marcos Paulo ainda revela que o corpo humano é mais denso que a água e, por isso, ter habilidade técnica para os movimentos e flexibilidade permitem que o seu corpo se desloque melhor no meio líquido. “A medida que envelhecemos, encontramos maior dificuldade para desenvolver uma habilidade técnica quando comparado com um adolescente. A flexibilidade diminui com a idade, mas pode ser recuperada com o treinamento para essa capacidade específica.”

Mas, calma! Se você não tem a natação como seu forte, não desanime, principalmente se a sua competição for realizada no mar. “Nadar no mar é diferente da natação de piscina, pois, você utiliza mais os braços para ‘economizar perna’, e ainda tem a roupa de borracha, que favorece a flutuação e facilita a aplicação de técnica para gerar força”, ressalta Marcos Paulo.

Nade direito

• Prefira as piscinas semi-olímpicas (25 m) e olímpicas (50 m), para sua natação ter continuidade
e permitir que desenvolva adequadamente todas as
capacidades, como resistência, coordenação e técnica.
• A água não deve ser muito quente, para não gerar desidratação durante o treino.
• Água muito fria também não é uma boa.
Nessa condição aumenta o seu gasto energético, diminuindo a qualidade e a duração do treino.
• Procure piscinas com raias largas, com cerca de
2 m, para facilitar os movimentos, mesmo com três
ou quatro nadadores na mesma raia.
• Fique alerta com a estrutura da piscina. Piso
e bordas em má conservação podem causar lesões.
• Evite piscinas expostas ao frio e ao vento.
Assim estará diminuindo a chance de ficar doente. Após o treino, essa condição aumenta a agressão sobre as vias respiratórias.

Volume de treino

Você deve se perguntar. Se apenas pratico uma modalidade esportiva e já tenho dificuldades com o treino, como vou conseguir praticar três ao mesmo tempo?

“A questão é não aumentar o volume, mas ter um volume proporcional ao tipo de prova que você vai fazer, seja Short (750 m de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida), Olímpico (1.500 m, 40 km e 10 km) Meio Ironman (1.900 m, 90 km e 21 km), Ironman (3.800 m, 180 km e 42 km)”, avisa Marcos Paulo Reis.

Na visão de Aulus, será preciso treinar em dois períodos. “Mesmo os amadores sentirão essa necessidade intercalando sempre duas modalidades em um dia, para, no fim da semana, ter treinado, no mínimo, três vezes natação, três vezes ciclismo e três vezes a corrida, sem contar a parte de musculação, também fundamental em qualquer esporte.”

Tome cuidado

“O aumento do volume está associado diretamente à queda de performance, aumento abrupto da sobrecarga sobre o organismo e aumento da incidência de lesões.

O importante é dar um passo ligado ao outro, com estrutura, respeitando fases: acrescente anos de treinamento à sua carreira e não treinos no seu ano”, filosofa Marcos Paulo.

Cali ainda revela que o volume de treinos depende também da individualidade de cada um, dos objetivos e tempo para modalidade. “Tenho um triatleta que começou a praticar triatlon comigo há dois anos e meio e hoje é campeão do Troféu Brasil, Meio Ironman e do Ironman de Brasília 2004, com 47 anos. Tudo é possível, depende da disponibilidade.”

Um praticante de triatlon precisa pensar sempre em dois pontos-chaves para a sua evolução na modalidade: o tempo que dispõe para treinar e onde quer chegar. Por exemplo, um jovem que queira se profissionalizar precisa se dedicar mais aos treinos.

Vida x treino

Todos têm suas atividades no dia-a-dia, porém, muitos executivos bem-sucedidos conseguem tempo para treinar e completar maratonas e até mesmo realizar um Ironman. Parece que a disciplina e a dedicação aos treinos refletem positivamente na vida profissional dessas pessoas.

“São atletas que têm vida profissional intensa, e, mesmo assim, conseguem treinar para um Ironman, e os que realmente se dedicam atingem bons resultados. Mesmo aqueles que não se esforçam tanto conseguem terminar a prova quando treinam para esse objetivo por mais tempo. Nos dias de hoje, o tempo é curto para todo mundo, o que vale é a organização e a disciplina”, conta Marcos Paulo.

De acordo com a modalidade, o treino deverá ser mais longo ou não. Um Ironman exige o aumento no tempo de treino, já que é uma prova de longa duração e o organismo precisa se acostumar a esse tipo de esforço.

“Atletas que estão treinando para um short triatlon têm uma carga horária reduzida. Assim, fica fácil se adaptar a uma rotina de vida normal. Durante a semana os treinos vão variar entre uma hora e uma hora e vinte e cinco minutos. Nos fins de semana, entre 1h30 e 2 horas”, ressalta Marcos Paulo.

“É difícil conciliar trabalho, lazer e a vida em família por causa dos treinos. Isso gera até problemas com a esposa. Não é brincadeira fazer treinos longos no fim de semana”, explica Aulus. “Um dos segredos é dar prioridade a duas modalidades, com treinos completos e um treino um pouco menor para a modalidade que o atleta rende mais.”

Tópicos para começar bem

- Procure um treinador, conheça sua linha de trabalho, conceitos e trace metas reais com ele.

- Planeje seus objetivos a longo prazo, por exemplo, diminuir seu tempo e forçar um pouco mais a cada prova.

- Espere suas articulações se adaptarem ao esforço, já que seu sistema cardiovascular se ajusta com mais facilidade.

- Realize exames físicos e médicos para avaliar seu estado de saúde, como teste ergométrico, ecocardiograma, hemograma completo e avaliação de um ortopedista, caso sinta dores.

- Trabalho de força muscular é essencial para evitar lesões e melhorar sua performance.

- Não despreze o aquecimento, o alongamento e o desaquecimento, que são partes essenciais ao seu treinamento, ou seja, discuta e entenda os seus treinos com seu treinador.

- Só aproveitamos nosso treinamento quando descansamos. Portanto, treine mais tempo do que participe de competições para poder evoluir.

Escolhendo a bike

O maior problema quando se decide comprar uma bike para triatlo é o preço. “Você encontrará modelos que variam de R$ 1 mil a R$ 30 mil. A meu ver, para um iniciante é melhor escolher algo usado”, ensina Aulus, lembrando que, no triatlon, o ciclismo define a maioria das provas por ser a parte mais longa.

Leve em conta

Tamanho do quadro em relação a sua altura, para garantir boa mecânica enquanto aplicar a força na bicicleta.

Modelo da bike, já que existem, basicamente, dois: os de estrada (ciclismo), que são mais versáteis, para fazer curvas, subidas, arrancadas, e o triatlo, que tem desenho mais aerodinâmico e, também, utiliza rodas aro 26, menores, com guidão que facilita o apoio dos braços ao ser colocado um cliping, já que nas provas de Ironman não é permitida a utilização de vácuo, ao contrário das provas de ciclismo de estrada.

Os iniciantes devem, primeiro, aprender a tirar todos os recursos da bicicleta – curvas, subidas, arrancadas, recuperação de velocidade –, pois essas qualidades são mais estimuladas em uma prova de triatlon.

Quanto tempo

Para se determinar quanto tempo uma pessoa levará para ser um triatleta depende de diversos fatores, como a condição física atual, histórico esportivo, disponibilidade de tempo para treinar etc. Basicamente, de acordo com as provas mais longas ou curtas, em um espaço de três a nove meses, qualquer um pode se tornar um triatleta. “O importante é que só se deve fazer a primeira prova quando se tiver certeza que vai terminá-la”, afirma Marcos Paulo. “Qualquer um pode, desde que saiba que antes de ganhar uma medalha está a saúde, procure sempre se desenvolver em outras áreas, como fisioterapia, reeducação postural e nutrição.”

Objetivos
• Atividade estimulante e saudável
• Auto-afirmação e auto-estima
• Contato social
• Competitividade
• Estilo de vida
• Esporte da moda

Equipamentos

Para a bike
• Capacete.
• Bermuda de ciclismo.
• Óculo de sol.
• Bomba, câmera reserva, kit de mecânica básica.
• Ciclocomputador.
• Sapatilha especial para encaixar no pedal fixo.


Para a corrida
• Tênis adequado tanto para o tipo de pisada como para proteção das articulações contra o impacto.
• Short para corrida.
• Camiseta sem manga e de rápida secagem.
• Boné.
• Óculos.
• Cronômetro.


Para a natação
• Óculos de natação.
• Sunga.
• Touca de silicone..


Multilateralidade

“Quando se corre é interessante ficar atento à multilateralidade. Fazer outra modalidade como complemento da corrida trará benefícios para ambas as modalidades. O que não pode é treinar apenas sua modalidade mais fraca e deixar as demais de lado. Os resultados não serão bons. Como na vida, busca-se o equilíbrio total, com atividades bem distribuídas”, ensina Selmer Aulus.

“Essa interação garante maior segurança ao praticante em relação às lesões, pois, ao pedalarmos, desenvolvemos músculos estabilizadores para a corrida, e, ao mesmo tempo, melhoramos o tônus muscular no geral, garantindo a melhor biomecânica, e maior adaptação ao impacto”, avalia o técnico Paulo Reis.

Os benefícios desse triângulo de modalidades não param por aí. “Quando nadamos, melhoramos a flexibilidade, a postura, e, ainda indiretamente, realizamos uma trabalho de fisioterapia, por causa da mecânica da água sobre a musculatura e da realização de um exercício sem impacto sobre regiões lesionadas, associada à circulação facilitada”, continua Marcos Paulo.

“ fazer triatlon é fugir da monotonia. é diferente, fantástico. você se sente hora um peixe, hora um pássaro, hora um tigre”, Antonio Carlos Amaral, Cali

Divisão dos treinos

Segundo Marcos Paulo, temos de pensar nas três modalidades, que devem receber a mesma atenção, e que em cada umas delas devemos ter treinos fortes, moderados, longos e leves, para desenvolver todas as capacidades que o indivíduo vai necessitar durante a prova, levando em conta o tempo que ele tem para descansar entre cada modalidade e o tempo de recuperação. É importante avisar que, às vezes, o treinamento é muito mais difícil do que a prova, já que, durante a competição, o atleta está mais focado no seu desempenho e resultado.

“Esse esquema de treino seria o ideal, mas, mesmo tendo uma distribuição de sessões na semana com menos tempo disponível, com um praticante de atividade física em academia, conseguimos terminar uma prova com cautela”, ensina Marcos Paulo.

Encarar uma prova de triatlon exige cuidados e muita preparação, já que as três modalidades são disputadas com bastante intensidade.

Colaborou Daniel Fernandes de Souza (MPR)


sábado, 28 de março de 2009

O dia é criança;
A noite, promessa.
Madrugada, esperança:

Não sei amar a parte, o talho, o retalho.
Não amo o fruto, Se me esqueço do galho;
Não amo o galho, Se me esqueço do tronco;
Não amo o tronco, Se me esqueço das raízes;
Não amo as raízes, Se me esqueço do solo;
Não amo o solo, se me esqueço da água, dos rios, dos mares...

Então o que eu amo?

Amo o TODO e o TUDO,
O TUDO e o TODO!

Por que Amar é tão abrangente?
Porque o Amor é o Todo-Abrangente!

Quem ama o(a) filho(a)
Não se furta de amar o homem/mulher, os pais, os avós...
E toda a ascendência, assim como toda a descendência.

Amar não é particularizar, individualizar;
Mas englobar, totalizar.
Não é subtrair, mas acrescentar.
Não é dividir, senão multiplicar.
É considerar, reconsiderar, e refletir.

A noite... O dia...
A madrugada... A vida... O existir...

Que mistérios de Amor há em Mim e em Ti?

Caminho trôpego, trocando os passos,
Te procuro e não te acho.

Tropeço... Caio... Pra dentro de mim!
E o que vejo?

Vejo o TUDO e o TODO,
O TODO e o TUDO,

Abraçados, se amando dentro de Mim!
Num festivo Ato de Amor

Me levanto, me recomponho,
Canto e ando; enfim...
Dentro de Mim vibra o Amor-Sem-Fim...

Galera


Aê, a malária reunida no campo 2 momentos antes de partir para o ataque ao cume do PP.

Enigma

I tried to find him on the christian cross, but he was not there; i went to the temple of the hindus and to the old pagodas, but i could not find a trace of him anywhere.

I searched on the mountains and in the valleys but neither in the heights nor in the dephts was i able to find him. i went to the caaba in mecca, but he was not there either.

I questioned the scholars and philosophers, but he was beyond their understanding.

I then looked into my heart and it was there where he dwelled that i saw him; he was nowhere else to be found.

Para Cristina.

ENCÂNTICO.


Estou de partida. Breve, me mudarei para a curva do teu braço.


Busco a terra sem vento, a mansa terra do teu peito. E a Batida surda e quente do magma mais profundo, para embalar meu sono. Busco a tranqüilidade da enseada.


Já conheci as águas que é preciso saber. Fui bem além das colunas de Hércules, e há muito descobri que, por mais longe o mar, jamais despenca. Naveguei seguindo as estrelas do céu, contando as estrelas do mar, até chegar a portos dos quais nem suspeitava a existência.


Agora é tempo de lançar âncora na água e deixar que ela enlace nos teus rochedos o meu destino.


Escolho o teu lado esquerdo onde me beija o sol poente. E espero que tua mão direita amaine minhas velas.


Assim, acima do teu coração, encosto a cabeça. E pequeno como um grão, deito raízes.


Aprenderei a conhecer-te através da planta dos meus pés, como o cego sabe onde pisa, como o índio conhece a trilha. Se for mansa a maré das colinas, terei certeza de que dormes, ou pensas em silêncio. Se de repente meu solo se encrespar tangido por um vento só teu, será o frio que te toca. O medo saberei no tremor subterrâneo. E quando o suor correr farto enchendo rios sem peixes, ameaçando me levar, será tempo de calor, será o verão cantando na tua pele.


Aprenderei a tatear-te com as mãos, procurar meus caminhos nos valões dos músculos. Fluirei devagar, dormirei nas axilas.


Não preciso de casa. Não preciso de abrigo. A terra da tua carne é quente, e nada me ameaça. Posso deitar nu, dormir tranqüilo, ou ficar acordado olhando para o alto. O céu é calmo, as nuvens passam indo a outros lugares. Nenhuma traz a chuva ou a tempestade.


Não preciso de pente, não preciso de panos. O orvalho da tua pele me banha de manhã, e a tua respiração arruma meus cabelos.


Só quero um cavalo. Galoparei com ele as dunas do teu corpo, descerei pelos braços, avançarei pelas mãos, arriscando-me à queda nos penhascos dos dedos. Explorarei teu ventre, matarei minha sede no poço do teu umbigo. E armado de desejo penetrarei na selva de teus pêlos, emaranhada e perfumada noite, delta dos sumos, labirinto que imperioso me chama e suave me perde.


Só depois, percorridas as pernas, visitados os pés, voltarei corpo acima, ventre, peito, subindo em peregrinação até o pescoço, repousando no vale das tuas costas.


Talvez leve um cantil, para a dura escalada de teu queixo. Subirei com cuidado, usando como apoio os fios do seu cabelo, procurando a caverna da orelhas para repouso e abrigo. Barulho não farei, prometo. Nada que te perturbe. Talvez no dia seguinte ou mais ainda, passando-se outro dia na difícil subida, eu procure chegar ao verde dos teus olhos. Se estiverem fechados, sentarei com paciência esperando o milagre da íris descoberta, nascer do olho que se renova a cada despertar, astro de luz surgindo sob o horizonte da pálpebra. Se estiverem abertos sentarei à beira desse lago, encantado com a dança dos reflexos, ilusórios peixes deslizando suas sombras sobre um fundo sem algas. E haverá um momento em que vencendo o medo, mergulharei na transparência, para nadar em direção ao redemoinho negro da pupila.


A aresta do nariz é perigosa. Eu bem conheço sua linha sinuosa, sua falsa maciez sobre o duro arcabouço. Não convém que a acompanhe. Seguirei pelo lado encostando-me às ventas, esgueirando-me para não ser tragado. Não tentarei desvendar o mistério do sopro.


À boca chegarei com respeito. Virei pelo canto, para descer ao lábio inferior, o mais carnudo. Avançarei deitado, rastejando de leve na pele úmida, até chegar à borda. E me debruçarei sobre as palavras.


Breve me mudo para o curva do teu braço. Não saberei mais de você do que já sei. Nem você saberá mais de mim. Mas talvez assim perto, encostado na raiz do teu ser, eu possa me esquecer de onde começo, e me esquecer em ti na minha entrega.


(M. Colasanti)

A primeira foto só podia ser esta!