sábado, 18 de julho de 2009

O direito ao delírio

Que tal começarmos a exercer o direito de sonhar?
Que tal se delirarmos um pouquinho?

No próximo ano, o ar estará limpo de todo o veneno,
O televisor deixará de ser o membro mais importante da família,
As pessoas trabalharão para viver, em vez de viver para trabalhar.

Os economistas não chamarão nível de vida de nível de consumo,
Nem chamarão qualidade de vida a quantidade de coisas.

Ninguém será considerado herói ou tolo
Só porque fez aquilo que acredita ser justo,
Em vez de fazer aquilo que mais lhe convém.

A comida não será uma mercadoria,
Nem a comunicação um negócio,
Porque comida e comunicação são direitos humanos.

A educação não será um privilégio apenas de quem possa pagá-la.
A polícia não será a maldição daqueles que não podem comprá-la.

A justiça e a liberdade, irmãs siamesas condenadas a viverem separadas,
voltarão a juntar-se, bem unidas, ombro a ombro.

E os desertos do mundo e os desertos da alma serão reflorestados.

Eduardo Galeano (Tradução livre - Rodrigo E. Cabral)

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