Poema de Raul Passos
"Como se eu procurasse logo abaixo
Da linha incerta das meias palavras
Essa nossa jóia ideal feita de medo e de sôfrega esperança,
Caminho pela estrada pedregosa
onde os adeuses se dizem em cada curva.
Para não mais!
E não houvesse que despertar
(Tudo o mais seria caos na nossa ausência)
E ainda outras coisas ficariam por dizer
Mas acontece o singular.
A sede tua, difícil de dizer
– Saudade serena do que é tua carne –
Rasga à sangue o já frágil do que resta.
…
O fruto do improvável? Te trago na palma.
Objeto inescrutável – tem cuidado! –
Que é o que ainda vamos chorar…
– E permanecemos em silêncio –
Como se fosse tão perfeito
Que não coubesse nas humanas fantasias
…
seria possível vivê-lo
(nesse momento no devaneio a tua mão
incauta e rebelde pousa na minha)
Como se tudo fosse verdade
E eu não mais precisasse te dizer"
PIÇARRAS, 15/01/2010
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