quinta-feira, 1 de abril de 2010

MOVIMENTO

Poema de Raul Passos


"Como se eu procurasse logo abaixo

Da linha incerta das meias palavras

Essa nossa jóia ideal feita de medo e de sôfrega esperança,

Caminho pela estrada pedregosa

onde os adeuses se dizem em cada curva.

Para não mais!

E não houvesse que despertar

(Tudo o mais seria caos na nossa ausência)

E ainda outras coisas ficariam por dizer

Mas acontece o singular.

A sede tua, difícil de dizer

– Saudade serena do que é tua carne –

Rasga à sangue o já frágil do que resta.



O fruto do improvável? Te trago na palma.

Objeto inescrutável – tem cuidado! –

Que é o que ainda vamos chorar…

– E permanecemos em silêncio –

Como se fosse tão perfeito

Que não coubesse nas humanas fantasias



seria possível vivê-lo

(nesse momento no devaneio a tua mão

incauta e rebelde pousa na minha)

Como se tudo fosse verdade

E eu não mais precisasse te dizer"

PIÇARRAS, 15/01/2010

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