segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Desejo

"Desejo primeiro que você ame,
> E que amando, também seja amado.
> E que se não for, seja breve em esquecer.
> E que esquecendo, não guarde mágoa.
> Desejo, pois, que não seja assim,
> Mas se for, saiba ser sem desesperar.
>
> Desejo também que tenha amigos,
> Que mesmo maus e inconseqüentes,
> Sejam corajosos e fiéis,
> E que pelo menos num deles
> Você possa confiar sem duvidar.
>
> E porque a vida é assim,
> Desejo ainda que você tenha inimigos.
> Nem muitos, nem poucos,
> Mas na medida exata para que, algumas vezes,
> Você se interpele a respeito
> De suas próprias certezas.
> E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
> Para que você não se sinta demasiado seguro.
>
> Desejo depois que você seja útil,
> Mas não insubstituível.
> E que nos maus momentos,
> Quando não restar mais nada,
> Essa utilidade seja suficiente para manter você de
> pé.
>
> Desejo ainda que você seja tolerante,
> Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
> Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
> E que fazendo bom uso dessa tolerância,
> Você sirva de exemplo aos outros.
>
> Desejo que você, sendo jovem,
> Não amadureça depressa demais,
> E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
> E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
> Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
> É preciso deixar que eles escorram por entre
> nós.
>
> Desejo por sinal que você seja triste,
> Não o ano todo, mas apenas um dia.
> Mas que nesse dia descubra
> Que o riso diário é bom,
> O riso habitual é insosso e o riso constante é
> insano.
>
> Desejo que você descubra ,
> Com o máximo de urgência,
> Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
> Injustiçados e infelizes, e que estão à sua
> volta.
>
> Desejo ainda que você afague um gato,
> Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
> Erguer triunfante o seu canto matinal
> Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
>
> Desejo também que você plante uma semente,
> Por mais minúscula que seja,
> E acompanhe o seu crescimento,
> Para que você saiba de quantas
> Muitas vidas é feita uma árvore.
>
> Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
> Porque é preciso ser prático.
> Eque pelo menos uma vez por ano
> Coloque um pouco dele
> Na sua frente e diga `Isso é meu`,
> Só para que fique bem claro quem é o dono de
> quem.
>
> Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
> Por ele e por você,
> Mas que se morrer, você possa chorar
> Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
>
> Desejo por fim que você sendo homem,
> Tenha uma boa mulher,
> E que sendo mulher,
> Tenha um bom homem
> E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
> E quando estiverem exaustos e sorridentes,
> Ainda haja amor para recomeçar.
>
> E se tudo isso acontecer,
> Não tenho mais nada a te desejar."
>
> Victor Hugo

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